domingo, 25 de março de 2012

Passa... rinho!

Tu que vês e não me olhas
Sempre que me mostro nua
Minha alma tão entregue
A verdade nua e crua
É só ler bem em meus olhos
Pra saber que eu sou sua.

Me abraças como amiga
E é grande o meu penar
Já tentei por várias vezes
Mas não dá pra disfarçar
Que amigos tenho vários
E a ti eu quero amar.

Vê se volta pros meus braços
Pois é teu esse cantinho
Antes que por ele passe
Um astuto passarinho
Que afaste tua casa
Construindo novo ninho.

Manu Preta

terça-feira, 20 de março de 2012

Fuga

Eu queria escrever.

Mas roubaram as palavras...

                                          Inspiração já foi embora
                                         
                                           Me deixando folhas vagas

                                                                             Me deixou tão iludida
                                                                             Já pensando em um livreto

                                                                                                           Mas fugiu antes da hora,
                                                                                                           Não restou nem um soneto.


Manu Preta


domingo, 18 de março de 2012

Amiúde

Que coração que nada!
Hoje trago em meu peito
Um vazio sem medida
Tal pedaço foi perdido
Nas mãos de de um certo amor
Que pegou, botou no bolso
E sem ele me deixou
Nem sei se hoje ainda bate
Mas aqui esse buraco
Hoje geme, chora e late
Pra ter de volta o pedaço
Onde vê uma completude.

Há um certo segredinho
Um pouquinho amiúde:
Nem é o meu coração
Que me faz sentir vazia
É o coração daquela
Que em meu peito fez folia
E ficou batendo forte,
Me levou de sul ao norte
Com um riso de alegria
E que hoje, longe dela
Esse peito sem tramela
Vive na melancolia.

Manu Preta



quarta-feira, 14 de março de 2012

Rimas e sinas



Lhe pergunto, meu sinhô
Uma coisa complicada
Como é que a vida apronta
De uma forma inesperada
Me levando pra bem longe
Do rosto bem desenhado
Bem bunito e afeiçoado
Que possui a minha amada?
E deixando em meus óio
Uma lágrima ancorada

Hoje meio inspirado
Por se dia de poesia
O meu peito calejado
Inda teve a ousadia
De pensar uns versos soltos
Sem sentido e ligação
Pra mandar junto de flores
Um bombom e um cartão
Pro endereço daquela
Que em meus óio é a mais bela
Sem nenhuma confusão.

Mas a cuca mais esperta
Avisou pra esse danado
Que assim nesse momento
É mió ficar calado
Pra num falar besteira
E causar um mal estar
Porque mesmo que quem ame
Se apresse em falar
Tem ouvidos que na hora
Não precisam escutar.

E o fato mais doído
Que martrata o coração
É que meu mandacaru
Ta caído lá no chão
Tenho cá minhas suspeitas
Que isso aí é coisa feita
E que minha pobre flor,
Em seu canto, lá no chão
Tá sofrendo de um mal
Que se chama solidão.

Eu num sou poeta não
Mas escrevo com vontade
Porquê tudo que é palavra
É mais forte que a verdade
E pra rima terminar
Eu escrevo o tal do amor
E pergunto, meu amigo
Que aqui se faz leitor
Como faço pra tal rima
Que parece minha sina
Não ter que rimar com dor?

Manu Preta


terça-feira, 13 de março de 2012

Reticência...

Cobertas por uma lona de circo,
Duas bocas se encontram para uma breve despedida.
Despiram-se de palavras e suspiros,
Entreolharam-se tímidas
E falaram sem palavras o que o coração quis dizer.
Olhos, pele, cheiro e batimento cardíaco
Fizeram a soma de um momento dolorido
Em que um laço de fita foi solto ao vento.
E dois lábios, assim, em movimento
Se encontraram em um breve tempo
Com olhos fechados, chorando por dentro
Coração na ponta da língua,
Alma em desalinho, confusão de tantas pernas
Pra seguir outro caminho.
E assim, com olhos marejando
E a alma em penitência
As tais línguas se encontraram
Como sempre desejaram
E o tal ponto final
Se tornou uma reticência...

Manu Preta

sábado, 10 de março de 2012

Embolando

No beabá eu vou
Fazendo a minha rima
No coco, na embolada
Onde a palavra me chamar.

Vou caminhando
Sem lenço, sem documento
Sem 1 centavo no bolso
E um sorriso pra gastar.

Embolo a vida
Pra não ficar embolada
Quando piso é trovoada
Eu ando sem tropeçar.

Meu coração é quem
Comanda minha cabeça
Mas cuidado, não esqueça
Do que agora vou falar:

Sou passarinho, tenho
Asas bem gigantes
Só pouso por um instante
Pois o céu é o meu lugar.


Manu Preta.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Mar de Mamãe

Vim do mar de Mamãe Sereia
Mas aqui não posso ficar
Sou a onda que quebra na praia
Que tem hora de ir e voltar

Eu vim de lá das águas
Onde ela mora, Mãe Iemanjá
E vim aqui trazer um recado
E colher flores pra lhe ofertar

Ela pediu que o cortejo lindo
Nunca parasse de batucar
Pois a força que emana das águas
Vai trazer axé e vai abençoar.

Manu Preta


domingo, 4 de março de 2012

Coletivo AfroCaeté








Vou pisando de mansinho
Com respeito e humildade
Peço permissão ao povo
Que habita essa cidade
Pra que eu fale coisa breve
Da nossa ancestralidade.

A gente de pele negra
Que jamais foi esqueida
Fez história e travou lutas
Lá na Serra da Barriga
Mas chegou o povo branco
E a batalha foi vencida.

Se passaram muitos anos
E as coisas acontecendo
Repressão pra todo lado
E o negro ía sofrendo,
Mas tudo que ele plantou
Nessa terra, foi nascendo.

Tu trabalha, negro escrevo
Se tu quiser batucar
Vá pedindo sua força
A Xangô pra tu lutar
Que a justiça logo em breve
Da pedreira vai rolar.

O tambor silenciado
Reprimiu as Alagoas
Que levava oferendas
Em seus barcos e canoas
Pra saudar Mãe Iemanjá
Proferindo suas loas.

Mas o fruto que plantaram
Não ficou só na semente
O couro foi esticado
E o Mestre lá na frente
Fez surgir esse batuque
Nessas terras novamente.

O maracatu nas ruas
De baque solto e virado
Fez tremer pernas e braços
Pra tudo quanto foi lado
Trazendo toda energia
De quem fez nosso passado.

Abençoados pelos negros
E o Caboclo caçador,
Vamos fazendo batuque
Com respeito e muito amor
Pra trazer toda lembrança
Desse povo sofredor.

Somos vermelho e amarelo
Mas o povo é misturado
Tem gente de pele branca
E o cabelo é enrolado
Pois a alma é colorida
E o sangue é variado.

Quando o Mestre lá na frente
Faz soar o seu apito
O som do meu Coletivo
Mais parece que é um grito
E é nessa vibração
Que com fé eu acredito.

Rssa terra vai tremer
E a poeira levantar
Quem chorou já vai sorrir
Quem morgou vai se animar
Pois é um batuque forte
Que já vai se apresentar.

Esse é o grupo Coletivo
Que veio pra batucar
Do mais velho ao mais novo
Não se acanhe em dançar,
Quem souber alguma letra
Nos ajude a cantar.

Com licença eu me retiro,
Peço a benção e muito axé,
Fiquem de olhos abertos
E a orelha bem em pé
Que agora entra em cena
O meu AfroCaeté!

Manu Preta

O Canto da Moça


Eis aqui um canto triste
Sobre uma moça que insiste
No amor se encontrar
Ela sonha noite e dia
E espera a melodia
Pro seu canto se alegrar

O seu peito está ferido
Tão cansado e ressequido
Destruído pela dor
Pela vida segue errante,
É feliz por um instante,
Um poeta sofredor.

Em seus olhos de criança
Moram os passos de uma dança
Que não pôde desfrutar
É preciso um navegante
Com um amor mais que pulsante
Pra fazer ela dançar

Essa moça esquecida
Se esconde na ferida
Que não pára de doer
Ela quer um peito forte
Que lhe dê sentido e norte
E a vontade de viver

Ela quer ser desejada,
Ser bem quista, ser amada
Quer motivos pra sorrir
Se arruma no espelho,
Põe laquê em seu cabelo
E não pensa em desistir

Os amores que passaram
Lhe feriram e maltrataram
Lhe fizeram anoitecer
Sua noite é tão escura
E a menina em sua loucura
Só deseja amanhecer

A menina tão singela
Com seus olhos na janela
Vive sempre a esperar
O amor mais-que-perfeito
Ilusão que o seu peito
Faz questão de alimentar

Deixo aqui um poeminha
E uma prece bem baixinha
Pra que o santo possa olhar?
Que a moça crie asas
Pois lá fora de sua casa
Há uma vida a lhe esperar

Manu Preta

sábado, 3 de março de 2012

Reativando!

Galera, depois de milênios (exageradaaaa) sem atualizar meu blog,
vou voltar com a minha Toada velha cansada à ativa!
Acompanhem postagens de meus escritos.. cordéis, músicas, poemas, besteirinhas
e coisas de outros autores que me encantam!

Deliciem-se!